Vira Casaca - Rancho da Santa Fé
Chegou à minha posse o álbum de estreia de uma banda portuguesa de seu nome Vira Casaca. Principia por ser um belo objeto, em cartão e não em plástico, com um grafismo muito agradável que alia a metáfora eficaz à rica referência cultural. Mas o melhor está lá dentro.
Rancho da Santa Fé, assim se chama o álbum, estende-se elegantemente por 11 temas, oferecendo-nos 37 minutos de puro, não adulterado, rock. Isso mesmo, rock. Rock a sério, sem parvoíces.
Ao que se junta o que mais aprecio neste álbum e promete nesta banda: as letras. E agora, para explicar o quanto gostei delas, um momento nostálgico: não consegui deixar de pensar que as letras do Rancho da Santa Fé são a versão década de 10 de um dos álbuns da minha adolescência: Mingos e os Samurais, com as letras do grandes Carlos Tê. Quero deixar claro que isto não tem nada de menorizador. Bem pelo contrário. Mingos e os Samurais foi para mim, nos anos 90, uma lufada de ar fresco, não tanto no som, mas nas letras, que eram populares sem serem banais, refinadas sem serem pretensiosas. Pois bem, consigo recuperar um pouco desse espírito cada vez que ouço o Rancho da Santa Fé, o que volvidos mais de 20 anos é um dos maiores elogios que posso fazer ao álbum, sobretudo acrescentando que esse efeito é produzido não à custa de uma nostalgia gratuita mas de encontrar nas letras dos Vira Casaca a atualização do espírito que encontrei então: som consistente, letras seguras e um gozo contagiante em cantar e tocar música.
Há, acima de tudo, uma confiança e um à-vontade que é fundamental no rock. E que está em dose perfeita em Rancho da Santa Fé. Claro que vos vou deixar com vídeo do single As betinhas de Santarém, mas quero destacar os temas Quis o Pais e quis a Mãe, talvez o meu preferido; Grécia, por ser um ótimo exemplo do que gosto nas letras deste álbum; e o fantástico instrumental Metrópole.
Agarrem este álbum e aproveitem para recarregar um pouco de humor e muita energia.