Um podcast de exceção - o último episódio do Barreira Invisível
Eu e o Alexandre Borges começámos a planear o podcast Barreira Invisível algures em 2019. A reunião para levarmos as coisas mais a sério foi feita ao longo de um belo almoço no final de 2019, na Cinemateca, em que fechámos o nome e o tom. O podcast ia ser a nossa continuação do blog Noite Americana por outros meios, mais atuais. Faltava-nos ainda a parte técnica, um editor de som, que viria a juntar-se na pessoa do Pedro Jeremias, selado o convite numa bela noitada no Snob, em torno de cinema e Lagavulins. Era dia 11 de março, o mesmo dia em que a OMS declarou a COVID-19 uma pandemia.
De modo que a gravação do primeiro episódio, ao contrário de tudo o que tínhamos antecipado, realizou-se não num local aprazível e cinéfilo, mas pelo Zoom, com cada um de nós em sua casa, munido de um acompanhamento alcoólico. Seria assim ao longo de 55 semanas, com apenas três exceções em que gravámos ao vivo. Uma dessas exceções é o último episódio, que está agora no ar, o mesmo é dizer nas várias plataformas de podcasts.
O Barreira Invisível tornou-se um podcast de confinamento, mesmo quando o confinamento acabou. Um podcast sobre cinema, mesmo quando não havia cinema nas salas (pela primeira vez nas nossas vidas). Ao contrário de ser um problema tornou-se uma identidade. Ao incrível genérico do Jeremias juntaram-se 55 conversas sobre gostar ver cinema, de ir ao cinema, de não ir ao cinema, do que é o cinema. Sobre realizadoras e realizadores, atrizes e atores, guarda-roupas, argumentistas, bandas sonoras, cadeiras. E muito Ridley Scott e Russell Crowe, para grande sofrimento do Alexandre. Mas mais, muito mais. Falámos de tudo o que em cada semana o cinema nos evocou ou evocou cinema.
Foi um período ótimo e em que o podcast Barreira Invisível se tornou parte da nossa própria experiência da pandemia e, sobretudo, do confinamento. Falar de cinema (quase) sem filmes em cartaz foi libertador e redentor. Foi sobretudo um enorme prazer partilhado com todos aqueles que nos ouviram ao longo destas 55 semanas e que ainda nos poderão ouvir mais umas quantas. Esperamos que tenham gostado.
Vamos continuar a ver cinema.