Outubro é desde sempre o meu mês preferido (faço anos em Março, por isso esqueçam). E o primeiro dia de Outubro é onde tudo começa. Talvez sejam reminiscências da infância quando as aulas começavam a 1 de Outubro e de certo modo a vida começava de novo, depois das longuíssimas férias de Verão. Talvez tenha sido essa a primeira vez que dei importância ao 1.º de Outubro. Mas, desde então, as Parcas não me deixaram mais esquecer o primeiro dia de Outubro. O meu reencontro com ele foi bem mais tarde, já na adolescência. Um dos meus melhores amigos e um segundo pai para mim (entretanto falecido) celebra aniversário de nascimento a 1 de Outubro. Nascido em 1939, deu nova razão para celebrar o tradicional mês das vindimas (outra razão pela qual gosto tanto deste mês). Ou seja, completaria hoje 75 anos. Um abraço, Zé Manel. Mas como as Três Irmãs têm sentido de humor, quiseram que me doutorasse no dia 1 de Outubro. Tem piada, pois uma das pessoas que mais me incentivou a seguir a carreira académica foi ele. E infelizmente não chegou a poder partilhar, fisicamente, esse momento comigo. Mas o mais curioso é que, fazendo hoje um ano que me doutorei, faz também hoje um ano que se celebrou, na Alemanha, o primeiro dia das fundações (Tag der Stiftungen). Trata-se de um dia que visa despertar as pessoas para o trabalho e a importância das fundações para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e das instituições. Tendo em conta que devotei os últimos 10 anos das minha vida a estudar fundações e a combater preconceitos que por cá se foram instalando percebemos já o alcance das manobras dos destinos. Este ano, com o Zé Manel a celebrar 75 anos, o meu doutoramento e o dia das fundações a celebrarem 1 ano deu-me para a celebração de efemérides. Mais do que recordar ser viver, reflectir sobre o que controlamos e não controlamos parece ser a única forma de viver bem. E de estar em paz com a morte, claro. Bem-vindos a Outubro.