Lançamento da obra "Fundações e Interesse Público", lançar o pão às águas
Foi ontem formalmente lançada, com a chancela da Almedina, a minha obra "Fundações e Interesse Público", que consubstancia a minha tese de doutoramento.
A dissertação foi apresentada pela Dra. Paula Valente da Almedina e pelo Dr. Emílio Rui Vilar, que além de várias ocupações que poderia referir, é um dos grandes especialistas em fundações que podemos encontrar em Portugal.
Apesar da menor afluência (Junho, Mundial de futebol, apatia, etc) foi importante e um privilégio poder contar com a presença e as palavras do Dr. Rui Vilar e com a presença de todos os amigos, familiares e colegas. A apresentação do Dr. Rui Vilar, tal como referi ontem no lançamento, tem para mim um sabor especial, pois até há bem pouco tempo não nos conhecíamos pessoalmente, e foi um acaso e um amigo comum que o levaram a ler a minha tese e que permitiu que o convite fizesse sentido. É para mim uma honra que alguém que conjuga um saber jurídico e uma experiência de gestão tão vastos na área fundacional tenha gostado da dissertação e tenha acedido a apresentá-la. Este post serve também para dar (mais um) testemunho público do meu agradecimento por este gesto de generosidade.
Como também tive oportunidade de dizer ontem, para além do momento da entrega e da discussão da dissertação, o momento, ainda que simbólico, que marca o seu lançamento para a corrente pública de ideias e para o escrutínio de posições, é para mim o momento maior da actividade académica e aquele que lhe dá sentido. A publicação de um trabalho académico permite chegar a um número maior de interessados. Os académicos têm o dever de conjugar o tempo lento de Braudel, de reflexão menos contaminada pela (cada vez mais) rápida desfolhada dos dias, com um tempo mais vertiginoso, também braudeliano em que bebem das correntezas curtas de um outro tempo. Só esta combinação permite que se devolva, enfim, algo de apto a contribuir para um mundo melhor. Se, como nota Gide, cada vez que terminamos um escrito e o damos ao leitor, ele torna-se mais dele do que nosso, e podemos perguntar o que lá está escrito para além do que lá escrevemos, então, num texto científico, numa tese de doutoramento, isso será ainda mais assim. A objectividade possível do Direito, como de outras ciências sociais, é feita de uma discussão contextual entre posições que pretendem descrever e explicar uma dada realidade. Acredito que em cada momento triunfe aquela que for mais prudente, mais justa, mais temperada, mais corajosa. O meu contributo para essa dialéctica está finalmente cá fora, para um público maior. O domínio jus-fundacional português precisa de todos os contributos.