As minhas Graphic Novels
Um amigo pede-me algumas sugestões de Graphic Novels, avisando que não gosta de fantasias (interpreto isto num sentido amplo, se bem o conheço). Como estava de volta da minha colecção de banda desenhada (onde também integro, talvez injustamente, as graphic novels) comecei a pensar no seu pedido.
A minha normal tentação seria para fazer-lhe uma lista. Para ele. Especificamente para ele. Há aqui alguma soberba, claro. Mas com os meus amigos tenho sempre esta tentação. Como tenho a mania que os conheço e gosto de desafios, dou sempre por mim a tentar imaginar algo para eles. Isto talvez não seja uma completa estupidez, mas é um pouco estúpido. Para além da tal soberba, de achar que os conheço bem, há também o efeito contrário: se os conhecer realmente bem e fizer uma lista para ele, é provável que ele também conseguisse fazer essa lista. Claro que poderia não conhecer as graphic novels que lhe recomendaria, mas, digamos, não sairia da zona de conforto que por aí agora é moda.
Optei por algo diferente. Como estava a arrumar a minha colecção resolvi listar as graphic novels (que não são muitas), excluir as que o critério do meu amigo impunha, e oferecer-lhe a lista. Em tempo de internet, em que é fácil encontrar dezenas de listas das melhores grapich novels, esta pareceu-me a opção mais honesta.
(por ordem alfabética de autores)
1. Brubaker e Phillips
- a série Criminal
A lista começa com uma provocação, pois a série Criminal de Brubaker dificilmente pode ser considerada uma graphic novel. É, sim, uma colecção de comics poiciais e negros, muito boa, que, lida de uma assentada, dá a ideia de uma graphic novel. A série ainda está a decorrer pelo que recomendo os TPB que coligem os comics (ou mesmo os HC que coligem os TPB)
2. Guido Crepax
- Emmanuelle, Bianca and Venus in Furs
- Justine and Histoire d'O (não tenho)
Tenho um grande apreço pelo género erótico (não confundir com pornográfico como Noé ou Taylor, que, dentro do seu género, são bons), especialmente quando grandes desenhadores revisitam os clássicos. É o caso de Crepax com Emmanuelle, Bianca e Venus in Furs (a edição é da Taschen). Há também um outro volume que nunca cheguei a comprar (mas está na minha whislist da Amazon há alguns anos...) que contém Justine e Histoire d'O. As histórias são conhecidas e estas Graphic Novels valem pelo belo traço de Crepax (e para se perceber bem a distinção com artistas como Manara, por exemplo)
3. Dick, Philip K. (Adaptação da novela)
- A scanner darkly
Gosto desta Graphic Novel, embora creia que a devesse ter excluído por referência ao critério do meu amigo. Mas como gosto tanto da novela original, do filme (de Richard Linklater) não podia deixar de mencioná-la aqui. E também porque suspeito que, num dia bom, o João gostará de a ler.
4. Doxiadis e Papadimitrou, Papadatos e Di Donna
- Logicomix
Uma das minhas graphic novels preferidas, a demonstrar que embora a designação sirva sobretudo ao mundo anglo-saxónico, nada impede outros autores de aparecerem. Trata-se de uma biografia de Bertrand Russell que é também uma história pela Filosofia. Magnífico.
5. Hernandez
- Palomar (não tenho)
Esta é a segunda (e última) entrada que não tenho. Folheei este livro há uns 2 anos não sei onde e quando cheguei a casa coloquei-o na wishlist da Amazon (tudo lá vai parar). Ainda não o comprei. Mas lá chegarei. Tudo se passa no México, na aldeia de Palomar. O resto é ler.
6. Miller e Verley
- 300
Duvido que o meu amigo goste desta. Embora histórica é muito fantasiada. Mas é um clássico e não podemos passar sem eles.
7. Moore e Lloyd
- V for Vendetta
Uma grande graphic novel e que hoje serve também para mostrar como se podem fazer adaptações cinematográficas igualmente boas, mesmo quando nos afastamos do original. Um grande hino à democracia.
8. Ottaviani e Myric
- Feynman
Fascinado como sou por Feynman nem queria acreditar quando ouvi dizer que ia sair uma graphic novel sobre a sua vida. Tão boa como o biografado.
9. Thompson
- Habibi
A razão pela qual só indico Habibi e não acrescento também Blankets é simples: o João indicou-me o Blankets como exemplo do tipo de graphic novels de que gosta, por isso fica automaticamente excluída. Mas dá-me a oportunidade de escrever um pouco de outra das minhas graphic novels preferidas, Habibi. É difícil descrevê-la para além da sinopse multiracial e multireligiosa. Só lendo. Está no top5 das minhas graphic novels.
10. Wagner e Locke
- A History of Violence
Um dos casos em que, apesar de já saber da existência da graphic novel, o filme me levou a ir lê-la. Juntamente com V for Vendetta, é outro bom exemplo da inspiração que as graphic novels podem oferecer aos bons argumentistas e realizadores. Uma história magnífica sobre vidas novas, gestão de raiva e outras angústias intemporais.